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foto: Luiz Fabiano Pinheiro |
Decidi que este ano de
2014 faria poucas provas, selecionadas a dedo, só provas duras
e sem preocupar-se com colocações, queria curtir mais
elas, pois provavelmente não voltaria para aquele lugar de
novo. Me inscrevi na 50 milhas de Morungaba que seria no dia 22/02,
mas a mesma foi cancelada no final de janeiro, e no mês de
fevereiro estava de férias e queria fazer uma prova, mas teria
que ser “A Prova”, comecei a procurar enlouquecidamente os
calendários para achar uma ultra ou trail e por coincidência
no mesmo dia da prova cancelada tinha uma etapa do TRC, a de
Corupá/SC, sempre quis fazer uma
prova do TRC Brasil, as provas são duras e a organização
sempre pareceu ser boa, o problema é que as provas não
são em São Paulo, com 42km e 2 mil de elevação
positiva, tive certeza, é esta.
Mas onde fica Corupá?
Bem, nem o vendedor do guichê da empresa na rodoviária
sabia da existência desta cidade, não existe nenhuma
linha de São Paulo direto para ela, iria até Jaraguá
do Sul e depois pegaria outro ônibus, e quando cheguei descobri
que nem tinha terminal de ônibus, tinha sim várias
linhas de trem, de carga e enormes (fiquei 6 minutos esperando um
passar por inteiro).
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foto: Luiz Fabiano Pinheiro |
Fiquei no alojamento no
Hotel onde seria a entrega do kit, o briefing e o jantar de
premiação, lá conheci pessoas maravilhosas. Com
vários atletas experientes, tendo no curriculum etapas como do
El Cruce, Jungue, Patagônia, Jerusalém, Rapa Nui, BR
135, X-Terra, La Mission, Antártida, Two Oceans entre outras, ficava
escutando e absorvendo cada detalhe destes Monstros, pessoas simples
e com um conhecimento enorme de montanha.
Já
fiquei impressionado com a organização do evento no
briefing técnico, só na parte de segurança a
prova contaria com uma equipe de 8 socorristas resgatista, 12
bombeiros e 25 Staff’s, junto com 10 quadriciclos, 10 motos, 8
veículos 4X4, 2 ambulâncias e um helicóptero de
atendimento aos atletas. Haveriam 2 percursos, o de 23,5 km e o de
40,5 km, na verdade só prestei atenção no
percurso maior, afinal não iria fazer o outro, não é?!
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5h30 da manhã |
Por
volta das 4h00 da manhã começou uma chuva torrencial,
com ventos fortes, raios e trovões para assustar até
marmanjo, seria difícil a prova ser realizada naquelas
condições se não parasse de chover, teríamos
que atravessar um rio, além de outros obstáculos
naturais, já estava trabalhando a cabeça para o pior,
que seria ir embora sem poder subir a montanha, o despertador tocou
as 5h30, a chuva tinha parado, agora era levantar e ir para a
largada.
Lá
estávamos eu, a Ligia Mota (ultramaratonista de respeito), o
Carlos Henrique (sobrenome “qual a sua categoria?” rsrs), o
parceiro Lucas Ferro, o Amaro A. o aniversariante de Curitiba e a
Fefe (Fernanda Lopes) que iria fazer o percurso de 23k, mas nunca
tinha feito mais de 10k em treino, enfim só pinel. Um pouco
antes da largada o Raphael Bonatto, organizador do evento anuncia que
devido a enorme chuva na madrugada o corpo de bombeiros interditou um
dos trechos, aquele no rio que já estava acima da cintura e
sem previsão para baixar, com isso foi divulgado o plano B, a
prova aumentaria 6k, todo mundo vibrou, porém seria feito 2
voltas no trecho de 23k, ai começou o burburinho, ter que dar
duas voltas não era o que a maioria ali queria, o psicológico
iria bater, comentei com a Ligia, “esquece já foi, não
tem volta”, e ela lembrou que não prestamos atenção
ao briefing deste trecho, não sabíamos exatamente o que
esperar.
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fomos uma família durante a prova |
É
dada a largada, o tempo esta nublado mas não esta frio,
resolvo ir de calça legging, algo me dizia que seria melhor.
Os primeiros 5k são de rua de paralelepípedo e rua de
asfalto, tinha o horário de corte da primeira volta que era de
4 horas, pretendia fazer no máximo em 3h20m para não me
complicar. Vou num ritmo bom até entrar na parte de estrada de
chão quando percebo que meu tênis do lado esquerdo esta
meio frouxo, olho para ele e vejo o cadarço solto, que droga!
Sempre dou duas voltas, devo ter esquecido, paro para amarrar e volto
a trilha e logo visualizo a primeira subida, vou correndo mais
devagar, afinal serão mais de 2,2 mil metros de elevação
com as duas voltas, não adianta forçar, minha camelback
esta cheia, 2 litros de água, um isotônico, uma
garrafinha de 500 ml de soro, comida (sementes, barras de cereais,
pão com alho e azeite), além dos itens obrigatórios,
corta-vento, manta térmica e apito.
São
várias subidas de estrada de chão até o 8km, daí
em diante começa a brincadeira, muita lama em subida íngreme,
não tem como evitar, tem que atolar o pé mesmo, o tênis
criava uma camada extra de sola, mas de barro. Partes com vegetação
fechada e subida que mesmo com trilha não tem como correr,
todo mundo andando, inclusive na área aberta que com tanta
lama parecíamos crianças aprendendo a andar, até
o 10km você não corre é trekking mesmo, nesta
última parte é uma mata fechadíssima com subida
muito íngreme onde só passam um por vez, até debaixo de
tronco e segurando em galhos, galhos estes cheios de espinhos, que
mesmo que no instinto do desequilíbrio era para lá que
tentávamos nos segurar, encontrei várias pessoas com
hastes (bastões) e isso ajudava muito nas subidas, achei um
galho mas não durou muito quebrou logo. No final desta subida
tinham umas 5 cordas para ajudar na subida, sendo 2 laterais, era
necessário usa-las, não tinha como subir sem as cordas
e neste ponto ficavam 2 bombeiros dando dicas e para caso de alguém
despencar.
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Foto: Andre Rego |
Ao
término você dava de cara com uma placa de 10km, daí
viria estrada de chão com muita vegetação no
chão, correr meio patinando, umas subidas, umas descidas,
então chegou o lamaçal, espera preciso explicar melhor
isto, lamaçal foi antes, agora era muito pior, tente
visualizar uma piscina de lama, aonde pisava, o pé afundava e
muito, ao tentar levantar o pé por várias vezes não
sentia o tênis, levava o pé de volta e levantava com a
frente do pé, lama até as canelas, disse para mim
mesmo, “vou descer correndo, to nem ai”, descia com os braços
abertos tentando equilibrar, por vários momentos não
levei capotes históricos, quase fiz espacate, um japonês
na minha frente quase caiu, no reflexo ao tentar desviar quase cai
também, estava invicto, mais sabe como é, minha hora iria chegar, não
dava para tirar os olhos do chão, nem olhar para o relógio
para ver o tempo, ao chegar próximo ao 12km ao levantar a
cabeça vi um posto de hidratação e ai o preço
de tirar os olhos do chão, tombaço de bunda no chão
apoiado com as duas palmas da mão cheias de lama, lembrando
que estava com uma proteção no pulso esquerdo devido a
um tombo na piscina quando brincava com minha filha (depois tenho que
fazer um poste só com os meus machucados das férias).
Para compensar a água no posto de apoio estava geladíssima e
terminar sem cair naquelas condições não teria
graça.
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foto: Luiz Fabiano Pinheiro |
Depois de muita lama,
veio um pouco de área aberta, mais subidas e mais descidas,
para o percurso foram necessários autorizações
de 30 proprietários para que pudéssemos passar por suas
terras, em uma parte tínhamos que passar por uma cerca pelo
meio dela se abaixando, durante todo o caminho, tanto na cidade como
nas trilhas os moradores ficavam nos portões e janelas
incentivando, em um momento perto do 18km passei por uma casa em que
estava a família inteira na entrada, pedi licença para
entrar no terreno dele e segui em frente, neste momento já
olhava para o relógio, queria manter o tempo abaixo das 3h20 e
faltando menos de 3km chegamos na parte de asfalto, neste momento
estava junto com outro atleta, o Felipe Telles e o pai dele, o senhor Ederaldo estava esperando no início
deste trecho e ficou fazendo pace para ele, correndo um pouco a
frente e dando muita força, aproveitei e segui junto, consegui
manter um bom ritmo, mas só pensava na melancia que estava no
final da primeira volta, agora a meta era chegar lá.
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Foto: Raphael Ceciliano |
Ao chegar me hidratei
bastante com água, suco de laranja, banana, melancia e pedaços
de laranja, e tinha muito mais no posto, é uma parada
obrigatória para todos, além dos incentivos das pessoas
que estavam ali assistindo e da organização. Mas
começar uma nova volta não era fácil, o
psicológico bateu, ter que fazer tudo de novo, o trecho já
tinha sido difícil e muitos pararam na primeira volta, além
do preparo a cabeça definia tudo naquele momento, comecei a
segunda volta muito lento e ao chegar no primeiro posto um dos staffs
perguntou se estava bem e se precisava chamar alguém, e disse
“Claro que não! Estou bem, vou continuar!” Enchi a camel
de água com gelo e segui em frente, agora seria só
subida até os 10km, foram todas andando junto com outros dois
colegas de prova e poucos metros antes do 8km (onde começava o
lamaçal) o staff do quadriciclo perguntou meio que dando ordem
para que tomássemos um banho de mangueira, a água
estava super gelada, o banho foi da cabeça aos pés, de
frente e de costas, banho de lava-jato mesmo, naquele momento o sol
estava ficando forte (o tempo estava variando muito, garoa, saia o
sol, depois ficava nublado e ia apresentando as estações num único dia, muita
gente saiu bem bronzeado, pois com o tempo fechado, muitos poucos
passaram protetor solar), o banho foi muito reconfortante, deu uma
reanimada, mas logo veio a subida com lama, achei um cajado, era
grande e forte diferente do que usei na primeira volta, parecia mesmo
o cajado de Moisés e esperava que abrisse o terreno para que
eu pudesse passar, haviam várias bicas de água, e a
correnteza estava forte devido a chuva da madrugada e muito gelada,
ótima para beber e se lavar também, pois sempre que
chegávamos nela os pés estavam atolados de lama,
deixávamos os dois pés por volta de quase um minuto
debaixo d'água, era o suficiente para limpar o tênis e
deixar os dedos mais aliviados, este ritual foi feito em todas as
bicas de água.
Vou parar neste paragrafo
para falar dos staffs (incluindo o pessoal do Bananalama que estavam
com as motos e quadriciclos, os bombeiros, policiais, resgatistas,
enfim todos), estavam sempre sorrindo, super prestativos, preocupados
e até dando “bronca” para nos deixar na melhor condição
possível, não eram meninas gritando para você
“vai, esta acabando”, eram pessoas realmente preocupadas com o
seu estado. Isto com certeza era um reflexo do que a organização
transparecia, quantas provas você fez e terminou o com a
sensação de que era o seu dinheiro que eles queriam,
nesta prova mais do que todas que fiz prevaleceu o lado humano, o
respeito foi apresentado sempre, na organização da
prova, no briefing, durante e após toda a corrida, a
pontualidade em todos os horários, a preocupação
com toda a segurança, o olho no olho das pessoas quando
falavam contigo.
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Foto: Andre Rego |
Voltando a prova, a
subida foi muito dolorosa, por vários momentos achei que não
fosse conseguir, não porque iria desistir (jamais!!), mas sim
por causa do tempo, o tempo limite para prova era de 8 horas, foi
aumentado 6 km da prova, mas do tempo de corte não, não
tinha tempo para descansar, fui me arrastando acima com a ajuda do
cajado, na parte de mata fechada estava pior, pois escorregava muito,
chequei a cair de frente ao tentar subir um barranco, a mão
direita que estava com o cajado estava começando a ficar com
marcas das lascas, no final do dia tive que colocar 4 fitas de micro poros nos machucados que ficaram entre o dedão e o
indicador, estava ficando ofegante e sabia que se parasse um pouco
para descansar seria pior, segui em frente neste momento estava
sozinho e escutei vozes vindo atrás de mim, isso me deu forças
para continuar, naquele trecho era de passagem única não
poderia ficar ali atrapalhando as pessoas, então segui, passei
pelas cordas bem e chequei a tão aguardada placa de 10km, isto
significa que estava no 33 km, faltavam 13km, estava morto, acredite
demorei 2 horas para percorrer os últimos 10km, isto aumentou
em muito o meu tempo, teria que aumentar o ritmo se quisesse terminar
a prova do tempo exigido.
Sempre penso na minha
filha (Sophia) nas provas, ela sabia que eu estava lá e com
certeza sofrendo novamente e que no final levaria a medalha a ela,
meu animo voltou, já havia passado pelo pior trecho, não
que o resto fosse fácil, mais sabia que poderia concluir e fui
com tudo com o cajado na mão, apoiando quando precisava e
apenas segurando ele quando conseguia correr. Veio uma descida
interminável de piscina de lama, desça vez não
dava para descer correndo, estava bem pior, com tantas pessoas
passando o terreno havia ficado menos compacto e era só
afundar o pé, lembrei do meu primeiro tombo, na verdade da
água super gelada que tomei lá, então está
era minha próxima meta, chegar na água gelada, costumo
estabelecer várias metas durante o percurso, vencendo elas uma
a uma, um passo de cada vez, porém um pouco antes de chegar
neste posto avistei um jipe enorme atolado no caminho, tive que
passar entre o jipe e o mato, logo depois vi vários outros
jipes, deveriam ter por volta de 5 carros e vários caras
tentando desatolar eles, na verdade acho que estavam ali para se
divertir mesmo, me ofereceram bebida alcoólica várias
vezes, estava tocando Guns'N”Roses em um dos jipes, me deram
parabéns, desejaram sorte e desejei o mesmo para eles, pois
disseram que estavam lá há quase três horas,
enquanto conversava com um deles levei um tombaço de lado que nem o
cajado ajudou, agora tinha lama até a cintura, estava mesmo
divertido. Bem, continuei e logo cheguei no posto, mas ao pedir água
fui informado que havia acabado, não culpo a organização,
não dá para adivinhar em quais pontos as pessoas vão
beber mais água, em alguns ainda sobrava, mas naquele não,
o importante era ter hidratação no final, ainda possuía
água na camel, mas estava pensando naquela “gelada”.
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foto: Luiz Fabiano Pinheiro |
O jeito era continuar, ao
entrar na parte de terra menos úmida comecei a acelerar,
naquele momento fazia muitas contas, precisava chegar antes do
horário de corte e ainda estava com pouca sobra. Ao tentar
forçar mais na descida comecei a sentir uma forte dor na
região direita da barriga, DROGA!!! Tive que diminuir o ritmo,
continuava correndo mas não tanto quanto queria, fiz alguns
exercícios de respiração e lutei muito com a
cabeça, “Eu vou conseguir, eu vou conseguir!!”. A dor
diminuiu, mas não conseguia correr muito forte, olhava para o
chão, olhava para o relógio e lá ia fazer conta
a cada km, comecei a pensar nas pessoas que estavam atrás de
mim, eles também não iriam conseguir, estava torcendo
para alguém chegar perto para que eu usasse a pessoa para me
puxar, mas não vinha ninguém. Até parei para
fazer xixi, bebi muita água, o isotônico e o soro já
estavam com as garrafas vazias, havia pouca água na mochila, e
teria que guardar para reserva.
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foto: Luiz Fabiano Pinheiro |
E mais subidas, faltando
mais ou menos uns 3,5km ainda assim tinha subida para enfrentar,
continuava neurótico com o tempo, sabia que falta pouco para
chegar na parte do asfalto e ai teria que aumentar o ritmo para
garantir chegar antes das 8 horas, mas tive que esquecer disto por um
minuto, por volta do 43km, lembrei que visualizei um cachorro no meio
do caminho na primeira volta, ela só ficou olhando, mas e se
agora ele quisesse atacar, sei como é correr de cachorro, nos
treinos da Serra do Japi já fiz muito isso. Mais para minha
surpresa não só o cachorro não estava lá
como também vi um banquinho de madeira em frente a casa com
uma jarra e duas garrafas de refrigerante e alguns copos, então
decidi, “Vou parar e beber, que se dane o tempo corro atrás
depois”, a jarra de água já tinha alguns insetos
boiando nela e estava cheia até a boca, em uma garrafa um
liquido com cara de ki-suco de limão (mais tarde vim
descobrir que era mesmo) e na outra garrafa, que já estava
pela metade, parecia limonada natural, me abaixei de cócoras levantei
a cabeça e vi uma mulher sentada numa cadeira de balanço,
perguntei se podia beber e o que era aquela garrafa, realmente era
limonada e gelada, virei dois copos, pensei em beber mais e lembrei
que viraram ainda várias pessoas atrás, levantei e
agradeci muito a senhora e sai correndo que nem louco, foi muito
rejuvenescedor aquilo. Para quem nunca ouviu falar nesta cidade, ai
esta as boas vindas de Corupá!
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foto: Luiz Fabiano Pinheiro |
Conseguia enxergar a
estrada de asfalto, agora faltava pouco, a matemática não
saia da minha cabeça e as contas eram muitas, o meu GPS e de
todos não batiam com as placas, os 46,4km seriam mais de 49km,
isto explicado depois pela organização, e fazia conta
pelo GPS, conta pelas placas, iria dar tempo mais teria que manter o
ritmo, estava difícil, as dores eram enormes, mas sinceramente
normais pela prova, as pontas dos dedos dos pés estavam muito
doloridas, mas tinha que continuar, esta parte do asfalto era aberta
e o sol iria castigar no final, ao fundo consegui enxergar o atleta
André Roberto, ele caminhava e dava uns trotes, não
posso diminuir meu ritmo vou conseguir alcançar ele e até
passar, mas ai ele não vai conseguir completar se continuar
caminhado, ao chegar perto, ele me cumprimenta e pergunto a ele se
vai conseguir chegar no tempo, daí sua resposta mudou TUDO, “O
tempo de corte aumentou para 9 horas” e respondi “Tem
certeza???”, “Tenho!”, “Ouviu de quem?”, “O staff tal
estava falando com o fulano tal”, “Será???”, “Pode
acreditar”, daí parei, não precisava me matar, já
vou chegar se me arrastar, ganhará naquele momento uma hora
para fazer os 2km restantes, fomos conversando e resolvemos ir
correndo logo depois, um iria levar o outro a chegada.
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foto: Luiz Fabiano Pinheiro |
As dores? Não
sentia mais nada, na verdade só no outro dia quando acordei,
senti dores musculares e a virilha assada, apenas os dedos dos pés
estavam doloridos após a prova, e teve o banho gelado de
mangueira que todos estavam tomando do lado da chegada, na verdade
era mais para lavar a roupa (fiquei no centro da cidade só de
bermuda de lycra, quase nu, tirei tênis, meias e calça
cheia de lamas e a camisa do Força Vegana e o lenço
também suados), até nisso eles pensaram, a organização
realmente foi show, definitivamente foi a melhor prova que fiz na
minha vida, a mais difícil também (isto meio que esta
ligado). Só não vou dar nota10 por um motivo, no jantar
de premiação faltou feijão e batata e quando fui
reclamar para o cozinheiro ele logo saio pela tangente e disse que o
cardápio foi solicitado pela organização do
evento, então por isso a nota final fica 9,99, rsrs.
Agora uma questão séria e preocupante é o lixo deixado pelas pessoas durante o percurso, deveria existir uma conscientização maior dos atletas e de todos os organizadores de provas de trail no Brasil, uma cobrança maior até no regulamento do evento ameaçando a desclassificação caso seja comprovado, salientando nos briefings e pré prova (pegar na mão mesmo como na escolinha e dizer não faça!), pois é um absurdo encontrar lixo fresco como garrafas e embalagens de gel e barra de cereais nas trilhas. Quando encontrava me abaixava, mostrava para quem estivesse do meu lado e colocava na camelback. Vamos refletir sobre isso!
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Foto: Raphael Ceciliano |
Faltavam algumas curvas
nas ruas de paralelepípedos de Corupá, logo já
foi possível ver os cones que indicavam a chegada (a prova
realmente foi muito dura, muitos atletas após a chegada
comentavam que ela tinha sido mais difícil que a tão
badalada El Cruce que haviam feito a duas semanas atrás),
passamos pelos trilhos do trem e a menos de cem metros as pessoas já
gritavam e tiravam fotos e ao fazermos a última curva, ali
estava ela a tão cobiçada chegada, indiquei com o braço
para o André ir na frente, ele balançou a cabeça
acenando “não vai você”, fomos juntos, pisamos no
tapete abraçados. O Bonatto (organizador que estava com o
microfone e que para deixar registrado esperou até o último atleta chegar), me
chamou pelo nome e me deu os parabéns, olhei para ele e
com um sorriso muito sincero e disse “Obrigado você, por esta
prova!!!!”.
Lembrei muito desta
frase abaixo depois: