sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Seja Bem Vindo a Corupá

foto: Luiz Fabiano Pinheiro
Decidi que este ano de 2014 faria poucas provas, selecionadas a dedo, só provas duras e sem preocupar-se com colocações, queria curtir mais elas, pois provavelmente não voltaria para aquele lugar de novo. Me inscrevi na 50 milhas de Morungaba que seria no dia 22/02, mas a mesma foi cancelada no final de janeiro, e no mês de fevereiro estava de férias e queria fazer uma prova, mas teria que ser “A Prova”, comecei a procurar enlouquecidamente os calendários para achar uma ultra ou trail e por coincidência no mesmo dia da prova cancelada tinha uma etapa do TRC, a de Corupá/SC, sempre quis fazer uma prova do TRC Brasil, as provas são duras e a organização sempre pareceu ser boa, o problema é que as provas não são em São Paulo, com 42km e 2 mil de elevação positiva, tive certeza, é esta.

Mas onde fica Corupá? Bem, nem o vendedor do guichê da empresa na rodoviária sabia da existência desta cidade, não existe nenhuma linha de São Paulo direto para ela, iria até Jaraguá do Sul e depois pegaria outro ônibus, e quando cheguei descobri que nem tinha terminal de ônibus, tinha sim várias linhas de trem, de carga e enormes (fiquei 6 minutos esperando um passar por inteiro).

foto: Luiz Fabiano Pinheiro
Fiquei no alojamento no Hotel onde seria a entrega do kit, o briefing e o jantar de premiação, lá conheci pessoas maravilhosas. Com vários atletas experientes, tendo no curriculum etapas como do El Cruce, Jungue, Patagônia, Jerusalém, Rapa Nui, BR 135, X-Terra, La Mission, Antártida, Two Oceans entre outras, ficava escutando e absorvendo cada detalhe destes Monstros, pessoas simples e com um conhecimento enorme de montanha.

Já fiquei impressionado com a organização do evento no briefing técnico, só na parte de segurança a prova contaria com uma equipe de 8 socorristas resgatista, 12 bombeiros e 25 Staff’s, junto com 10 quadriciclos, 10 motos, 8 veículos 4X4, 2 ambulâncias e um helicóptero de atendimento aos atletas. Haveriam 2 percursos, o de 23,5 km e o de 40,5 km, na verdade só prestei atenção no percurso maior, afinal não iria fazer o outro, não é?!

5h30 da manhã
Por volta das 4h00 da manhã começou uma chuva torrencial, com ventos fortes, raios e trovões para assustar até marmanjo, seria difícil a prova ser realizada naquelas condições se não parasse de chover, teríamos que atravessar um rio, além de outros obstáculos naturais, já estava trabalhando a cabeça para o pior, que seria ir embora sem poder subir a montanha, o despertador tocou as 5h30, a chuva tinha parado, agora era levantar e ir para a largada.

Lá estávamos eu, a Ligia Mota (ultramaratonista de respeito), o Carlos Henrique (sobrenome “qual a sua categoria?” rsrs), o parceiro Lucas Ferro, o Amaro A. o aniversariante de Curitiba e a Fefe (Fernanda Lopes) que iria fazer o percurso de 23k, mas nunca tinha feito mais de 10k em treino, enfim só pinel. Um pouco antes da largada o Raphael Bonatto, organizador do evento anuncia que devido a enorme chuva na madrugada o corpo de bombeiros interditou um dos trechos, aquele no rio que já estava acima da cintura e sem previsão para baixar, com isso foi divulgado o plano B, a prova aumentaria 6k, todo mundo vibrou, porém seria feito 2 voltas no trecho de 23k, ai começou o burburinho, ter que dar duas voltas não era o que a maioria ali queria, o psicológico iria bater, comentei com a Ligia, “esquece já foi, não tem volta”, e ela lembrou que não prestamos atenção ao briefing deste trecho, não sabíamos exatamente o que esperar.

fomos uma família durante a prova
É dada a largada, o tempo esta nublado mas não esta frio, resolvo ir de calça legging, algo me dizia que seria melhor. Os primeiros 5k são de rua de paralelepípedo e rua de asfalto, tinha o horário de corte da primeira volta que era de 4 horas, pretendia fazer no máximo em 3h20m para não me complicar. Vou num ritmo bom até entrar na parte de estrada de chão quando percebo que meu tênis do lado esquerdo esta meio frouxo, olho para ele e vejo o cadarço solto, que droga! Sempre dou duas voltas, devo ter esquecido, paro para amarrar e volto a trilha e logo visualizo a primeira subida, vou correndo mais devagar, afinal serão mais de 2,2 mil metros de elevação com as duas voltas, não adianta forçar, minha camelback esta cheia, 2 litros de água, um isotônico, uma garrafinha de 500 ml de soro, comida (sementes, barras de cereais, pão com alho e azeite), além dos itens obrigatórios, corta-vento, manta térmica e apito.

São várias subidas de estrada de chão até o 8km, daí em diante começa a brincadeira, muita lama em subida íngreme, não tem como evitar, tem que atolar o pé mesmo, o tênis criava uma camada extra de sola, mas de barro. Partes com vegetação fechada e subida que mesmo com trilha não tem como correr, todo mundo andando, inclusive na área aberta que com tanta lama parecíamos crianças aprendendo a andar, até o 10km você não corre é trekking mesmo, nesta última parte é uma mata fechadíssima com subida muito íngreme onde só passam um por vez, até debaixo de tronco e segurando em galhos, galhos estes cheios de espinhos, que mesmo que no instinto do desequilíbrio era para lá que tentávamos nos segurar, encontrei várias pessoas com hastes (bastões) e isso ajudava muito nas subidas, achei um galho mas não durou muito quebrou logo. No final desta subida tinham umas 5 cordas para ajudar na subida, sendo 2 laterais, era necessário usa-las, não tinha como subir sem as cordas e neste ponto ficavam 2 bombeiros dando dicas e para caso de alguém despencar.

Foto: Andre Rego
Ao término você dava de cara com uma placa de 10km, daí viria estrada de chão com muita vegetação no chão, correr meio patinando, umas subidas, umas descidas, então chegou o lamaçal, espera preciso explicar melhor isto, lamaçal foi antes, agora era muito pior, tente visualizar uma piscina de lama, aonde pisava, o pé afundava e muito, ao tentar levantar o pé por várias vezes não sentia o tênis, levava o pé de volta e levantava com a frente do pé, lama até as canelas, disse para mim mesmo, “vou descer correndo, to nem ai”, descia com os braços abertos tentando equilibrar, por vários momentos não levei capotes históricos, quase fiz espacate, um japonês na minha frente quase caiu, no reflexo ao tentar desviar quase cai também, estava invicto, mais sabe como é, minha hora iria chegar, não dava para tirar os olhos do chão, nem olhar para o relógio para ver o tempo, ao chegar próximo ao 12km ao levantar a cabeça vi um posto de hidratação e ai o preço de tirar os olhos do chão, tombaço de bunda no chão apoiado com as duas palmas da mão cheias de lama, lembrando que estava com uma proteção no pulso esquerdo devido a um tombo na piscina quando brincava com minha filha (depois tenho que fazer um poste só com os meus machucados das férias). Para compensar a água no posto de apoio estava geladíssima e terminar sem cair naquelas condições não teria graça.

foto: Luiz Fabiano Pinheiro
Depois de muita lama, veio um pouco de área aberta, mais subidas e mais descidas, para o percurso foram necessários autorizações de 30 proprietários para que pudéssemos passar por suas terras, em uma parte tínhamos que passar por uma cerca pelo meio dela se abaixando, durante todo o caminho, tanto na cidade como nas trilhas os moradores ficavam nos portões e janelas incentivando, em um momento perto do 18km passei por uma casa em que estava a família inteira na entrada, pedi licença para entrar no terreno dele e segui em frente, neste momento já olhava para o relógio, queria manter o tempo abaixo das 3h20 e faltando menos de 3km chegamos na parte de asfalto, neste momento estava junto com outro atleta, o Felipe Telles e o pai dele, o senhor Ederaldo estava esperando no início deste trecho e ficou fazendo pace para ele, correndo um pouco a frente e dando muita força, aproveitei e segui junto, consegui manter um bom ritmo, mas só pensava na melancia que estava no final da primeira volta, agora a meta era chegar lá.

Foto: Raphael Ceciliano
Ao chegar me hidratei bastante com água, suco de laranja, banana, melancia e pedaços de laranja, e tinha muito mais no posto, é uma parada obrigatória para todos, além dos incentivos das pessoas que estavam ali assistindo e da organização. Mas começar uma nova volta não era fácil, o psicológico bateu, ter que fazer tudo de novo, o trecho já tinha sido difícil e muitos pararam na primeira volta, além do preparo a cabeça definia tudo naquele momento, comecei a segunda volta muito lento e ao chegar no primeiro posto um dos staffs perguntou se estava bem e se precisava chamar alguém, e disse “Claro que não! Estou bem, vou continuar!” Enchi a camel de água com gelo e segui em frente, agora seria só subida até os 10km, foram todas andando junto com outros dois colegas de prova e poucos metros antes do 8km (onde começava o lamaçal) o staff do quadriciclo perguntou meio que dando ordem para que tomássemos um banho de mangueira, a água estava super gelada, o banho foi da cabeça aos pés, de frente e de costas, banho de lava-jato mesmo, naquele momento o sol estava ficando forte (o tempo estava variando muito, garoa, saia o sol, depois ficava nublado e ia apresentando as estações num único dia, muita gente saiu bem bronzeado, pois com o tempo fechado, muitos poucos passaram protetor solar), o banho foi muito reconfortante, deu uma reanimada, mas logo veio a subida com lama, achei um cajado, era grande e forte diferente do que usei na primeira volta, parecia mesmo o cajado de Moisés e esperava que abrisse o terreno para que eu pudesse passar, haviam várias bicas de água, e a correnteza estava forte devido a chuva da madrugada e muito gelada, ótima para beber e se lavar também, pois sempre que chegávamos nela os pés estavam atolados de lama, deixávamos os dois pés por volta de quase um minuto debaixo d'água, era o suficiente para limpar o tênis e deixar os dedos mais aliviados, este ritual foi feito em todas as bicas de água.

Vou parar neste paragrafo para falar dos staffs (incluindo o pessoal do Bananalama que estavam com as motos e quadriciclos, os bombeiros, policiais, resgatistas, enfim todos), estavam sempre sorrindo, super prestativos, preocupados e até dando “bronca” para nos deixar na melhor condição possível, não eram meninas gritando para você “vai, esta acabando”, eram pessoas realmente preocupadas com o seu estado. Isto com certeza era um reflexo do que a organização transparecia, quantas provas você fez e terminou o com a sensação de que era o seu dinheiro que eles queriam, nesta prova mais do que todas que fiz prevaleceu o lado humano, o respeito foi apresentado sempre, na organização da prova, no briefing, durante e após toda a corrida, a pontualidade em todos os horários, a preocupação com toda a segurança, o olho no olho das pessoas quando falavam contigo.

Foto: Andre Rego
Voltando a prova, a subida foi muito dolorosa, por vários momentos achei que não fosse conseguir, não porque iria desistir (jamais!!), mas sim por causa do tempo, o tempo limite para prova era de 8 horas, foi aumentado 6 km da prova, mas do tempo de corte não, não tinha tempo para descansar, fui me arrastando acima com a ajuda do cajado, na parte de mata fechada estava pior, pois escorregava muito, chequei a cair de frente ao tentar subir um barranco, a mão direita que estava com o cajado estava começando a ficar com marcas das lascas, no final do dia tive que colocar 4 fitas de micro poros nos machucados que ficaram entre o dedão e o indicador, estava ficando ofegante e sabia que se parasse um pouco para descansar seria pior, segui em frente neste momento estava sozinho e escutei vozes vindo atrás de mim, isso me deu forças para continuar, naquele trecho era de passagem única não poderia ficar ali atrapalhando as pessoas, então segui, passei pelas cordas bem e chequei a tão aguardada placa de 10km, isto significa que estava no 33 km, faltavam 13km, estava morto, acredite demorei 2 horas para percorrer os últimos 10km, isto aumentou em muito o meu tempo, teria que aumentar o ritmo se quisesse terminar a prova do tempo exigido.


Sempre penso na minha filha (Sophia) nas provas, ela sabia que eu estava lá e com certeza sofrendo novamente e que no final levaria a medalha a ela, meu animo voltou, já havia passado pelo pior trecho, não que o resto fosse fácil, mais sabia que poderia concluir e fui com tudo com o cajado na mão, apoiando quando precisava e apenas segurando ele quando conseguia correr. Veio uma descida interminável de piscina de lama, desça vez não dava para descer correndo, estava bem pior, com tantas pessoas passando o terreno havia ficado menos compacto e era só afundar o pé, lembrei do meu primeiro tombo, na verdade da água super gelada que tomei lá, então está era minha próxima meta, chegar na água gelada, costumo estabelecer várias metas durante o percurso, vencendo elas uma a uma, um passo de cada vez, porém um pouco antes de chegar neste posto avistei um jipe enorme atolado no caminho, tive que passar entre o jipe e o mato, logo depois vi vários outros jipes, deveriam ter por volta de 5 carros e vários caras tentando desatolar eles, na verdade acho que estavam ali para se divertir mesmo, me ofereceram bebida alcoólica várias vezes, estava tocando Guns'N”Roses em um dos jipes, me deram parabéns, desejaram sorte e desejei o mesmo para eles, pois disseram que estavam lá há quase três horas, enquanto conversava com um deles levei um tombaço de lado que nem o cajado ajudou, agora tinha lama até a cintura, estava mesmo divertido. Bem, continuei e logo cheguei no posto, mas ao pedir água fui informado que havia acabado, não culpo a organização, não dá para adivinhar em quais pontos as pessoas vão beber mais água, em alguns ainda sobrava, mas naquele não, o importante era ter hidratação no final, ainda possuía água na camel, mas estava pensando naquela “gelada”.

foto: Luiz Fabiano Pinheiro
O jeito era continuar, ao entrar na parte de terra menos úmida comecei a acelerar, naquele momento fazia muitas contas, precisava chegar antes do horário de corte e ainda estava com pouca sobra. Ao tentar forçar mais na descida comecei a sentir uma forte dor na região direita da barriga, DROGA!!! Tive que diminuir o ritmo, continuava correndo mas não tanto quanto queria, fiz alguns exercícios de respiração e lutei muito com a cabeça, “Eu vou conseguir, eu vou conseguir!!”. A dor diminuiu, mas não conseguia correr muito forte, olhava para o chão, olhava para o relógio e lá ia fazer conta a cada km, comecei a pensar nas pessoas que estavam atrás de mim, eles também não iriam conseguir, estava torcendo para alguém chegar perto para que eu usasse a pessoa para me puxar, mas não vinha ninguém. Até parei para fazer xixi, bebi muita água, o isotônico e o soro já estavam com as garrafas vazias, havia pouca água na mochila, e teria que guardar para reserva.

foto: Luiz Fabiano Pinheiro
E mais subidas, faltando mais ou menos uns 3,5km ainda assim tinha subida para enfrentar, continuava neurótico com o tempo, sabia que falta pouco para chegar na parte do asfalto e ai teria que aumentar o ritmo para garantir chegar antes das 8 horas, mas tive que esquecer disto por um minuto, por volta do 43km, lembrei que visualizei um cachorro no meio do caminho na primeira volta, ela só ficou olhando, mas e se agora ele quisesse atacar, sei como é correr de cachorro, nos treinos da Serra do Japi já fiz muito isso. Mais para minha surpresa não só o cachorro não estava lá como também vi um banquinho de madeira em frente a casa com uma jarra e duas garrafas de refrigerante e alguns copos, então decidi, “Vou parar e beber, que se dane o tempo corro atrás depois”, a jarra de água já tinha alguns insetos boiando nela e estava cheia até a boca, em uma garrafa um liquido com cara de ki-suco de limão (mais tarde vim descobrir que era mesmo) e na outra garrafa, que já estava pela metade, parecia limonada natural, me abaixei de cócoras levantei a cabeça e vi uma mulher sentada numa cadeira de balanço, perguntei se podia beber e o que era aquela garrafa, realmente era limonada e gelada, virei dois copos, pensei em beber mais e lembrei que viraram ainda várias pessoas atrás, levantei e agradeci muito a senhora e sai correndo que nem louco, foi muito rejuvenescedor aquilo. Para quem nunca ouviu falar nesta cidade, ai esta as boas vindas de Corupá!

foto: Luiz Fabiano Pinheiro
Conseguia enxergar a estrada de asfalto, agora faltava pouco, a matemática não saia da minha cabeça e as contas eram muitas, o meu GPS e de todos não batiam com as placas, os 46,4km seriam mais de 49km, isto explicado depois pela organização, e fazia conta pelo GPS, conta pelas placas, iria dar tempo mais teria que manter o ritmo, estava difícil, as dores eram enormes, mas sinceramente normais pela prova, as pontas dos dedos dos pés estavam muito doloridas, mas tinha que continuar, esta parte do asfalto era aberta e o sol iria castigar no final, ao fundo consegui enxergar o atleta André Roberto, ele caminhava e dava uns trotes, não posso diminuir meu ritmo vou conseguir alcançar ele e até passar, mas ai ele não vai conseguir completar se continuar caminhado, ao chegar perto, ele me cumprimenta e pergunto a ele se vai conseguir chegar no tempo, daí sua resposta mudou TUDO, “O tempo de corte aumentou para 9 horas” e respondi “Tem certeza???”, “Tenho!”, “Ouviu de quem?”, “O staff tal estava falando com o fulano tal”, “Será???”, “Pode acreditar”, daí parei, não precisava me matar, já vou chegar se me arrastar, ganhará naquele momento uma hora para fazer os 2km restantes, fomos conversando e resolvemos ir correndo logo depois, um iria levar o outro a chegada.

foto: Luiz Fabiano Pinheiro
As dores? Não sentia mais nada, na verdade só no outro dia quando acordei, senti dores musculares e a virilha assada, apenas os dedos dos pés estavam doloridos após a prova, e teve o banho gelado de mangueira que todos estavam tomando do lado da chegada, na verdade era mais para lavar a roupa (fiquei no centro da cidade só de bermuda de lycra, quase nu, tirei tênis, meias e calça cheia de lamas e a camisa do Força Vegana e o lenço também suados), até nisso eles pensaram, a organização realmente foi show, definitivamente foi a melhor prova que fiz na minha vida, a mais difícil também (isto meio que esta ligado). Só não vou dar nota10 por um motivo, no jantar de premiação faltou feijão e batata e quando fui reclamar para o cozinheiro ele logo saio pela tangente e disse que o cardápio foi solicitado pela organização do evento, então por isso a nota final fica 9,99, rsrs.

Agora uma questão séria e preocupante é o lixo deixado pelas pessoas durante o percurso, deveria existir uma conscientização maior dos atletas e de todos os organizadores de provas de trail no Brasil, uma cobrança maior até no regulamento do evento ameaçando a desclassificação caso seja comprovado, salientando nos briefings e pré prova (pegar na mão mesmo como na escolinha e dizer não faça!), pois é um absurdo encontrar lixo fresco como garrafas e embalagens de gel e barra de cereais nas trilhas. Quando encontrava me abaixava, mostrava para quem estivesse do meu lado e colocava na camelback. Vamos refletir sobre isso!

Foto: Raphael Ceciliano
Faltavam algumas curvas nas ruas de paralelepípedos de Corupá, logo já foi possível ver os cones que indicavam a chegada (a prova realmente foi muito dura, muitos atletas após a chegada comentavam que ela tinha sido mais difícil que a tão badalada El Cruce que haviam feito a duas semanas atrás), passamos pelos trilhos do trem e a menos de cem metros as pessoas já gritavam e tiravam fotos e ao fazermos a última curva, ali estava ela a tão cobiçada chegada, indiquei com o braço para o André ir na frente, ele balançou a cabeça acenando “não vai você”, fomos juntos, pisamos no tapete abraçados. O Bonatto (organizador que estava com o microfone e que para deixar registrado esperou até o último atleta chegar), me chamou pelo nome e me deu os parabéns, olhei para ele e com um sorriso muito sincero e disse “Obrigado você, por esta prova!!!!”.

Lembrei muito desta frase abaixo depois: